segunda-feira, 21 de março de 2011

Agripino sobre Arruda: Essa entrevista (à revista Veja) foi dada em tempo de eleição por um ressentido que não me perdoa por ter sido o principal responsável da expulsão dele no partido


Ontem (20), o senador José Agripino (DEM) concedeu entrevista à  jornalista Anna Ruth Dantas da Tribuna do Norte, e o blog reproduz, na íntegra:

 
O senhor creditaria as denúncias de José Arruda (que acusou José Agripino de se beneficiar do Mensalão do DEM no Distrito Federal) ao fato do senhor ter sido eleito presidente nacional do DEM? Seria uma tentativa de lhe desestabilizar (a gestão dele)?

Se for essa tentativa não prospera.  Pode-se admitir que ele tenha enviado recursos para o diretório nacional do partido. É possível que sim, doações legais que [o DEM] possa ter recebido e distribuído. Imputar a mim ter ido buscar recursos e ter dado diretamente para mim, não procede. Essa entrevista (à revista Veja) foi dada em tempo de eleição por um ressentido que não me perdoa por ter sido o principal responsável da expulsão dele no partido.

Qual a missão que se posta para o senhor como presidente nacional do DEM?

Meu objetivo é fortalecer o partido. Eu fui convidado pelos dois mais importantes segmentos do partido para cumprir uma missão. A missão é promover a unidade. Esses dois grupos têm divergências e ambos me convidaram. Ora, se ambos me convidaram é porque devem ter interesse na unidade do partido. Entendendo esse interesse da unidade é que resolvi aceitar a missão de aceitar a presidência, de costurar a Executiva de consenso. Marquei data para as convenções municipais, 16 de julho, marquei data as convenções regionais, agosto, e marquei data para convenção nacional que é o final de setembro. Até lá vou percorrer o Brasil visitando as secções regionais e levando duas coisas. Primeiro o ideário do partido que eu acho que está faltando. O Democratas é o único partido liberal moderno que existe hoje em atuação no nosso país. Com ideais que, tenho certeza, tem milhões de adeptos. Ideais que fazem confronto com deficiências do atual Governo. Ele (o atual Governo Federal) está lutando para debelar uma inflação que retornou por conta da gastança do ano eleitoral e da não tomada de posição do atual governo em limitar o gasto público. Ao invés disso, está aumentando a taxa de juros. Nós somos contra um estado ficando caro, com gasto público de má qualidade. Isso retira a possibilidade do Estado fazer investimentos, porque gasta muito com folha de pagamento sem prestar um serviço de educação, de segurança, de saúde à altura do gasto. O Governo contrata muito, faz o Estado inchado, aparelhado, com gente não qualificada, sem prestar o serviço público adequado. Tudo é consumido com a máquina pública e falta dinheiro para o investimento. Está aí o caso típico do Aeroporto de São Gonçalo para provar. Segundo ponto, a valorização do capital privado. Onde não tiver capital público para completar a infraestrutura, eu defendo, como está se evoluindo para isso, mas de forma geral, a parceria público- privada para que não nos faltem os aeroportos, portos e estradas que hoje nos faltam. Que não nos falte a infraestrutura, nem que para isso se tenha que pagar pedágio. Defendo um Estado onde a ética seja prioridade. Nós somos o único partido que com um dos seus membros importantes, o (ex)governador José Arruda, não exitamos em pedir a expulsão do partido. Nós não convivemos com a impunidade e defendemos um padrão ético na vida pública do Brasil. Outro ponto importante é a questão ambiental. O futuro do mundo está na preservação do meio ambiente, mas isso não pode significar tolher a capacidade do país crescer. São teses que vou sair defendendo pelo Brasil inteiro. Tenho certeza de que existem milhões de brasileiros que aderirão a essa tese. Não aderiram ainda porque as teses ainda não foram massificadas. Até as eleições municipais vou percorrer o Brasil, unificar a legenda, fazer a massificação das ideias e chegar em setembro vendo minha missão cumprida.

O DEM vive, hoje, um momento delicado por  ter se apequenado nas últimas eleições, reduzindo a bancada no Senado e na Câmara dos Deputados?

Delicado, é verdade. Que o partido perdeu quadros é constatação. Agora eu penso o seguinte, em momentos de dificuldade você pode ter o seguinte comportamento: sobre uma mesa você joga e deixa cair uma bola. A bola pode ser uma laranja que caindo machuca e fica parada. A bola pode ser um ovo que caindo arrebenta. E pode ser uma bola de borracha maciça que bate e sobe. É preciso reagir às situações de dificuldades. Eu tenho consciência de que nosso partido tem ideias e grandes talentos. É preciso mobilizá-los para fazer o partido crescer. O partido tinha um governador, hoje (depois da eleição de 2010) tem dois. O partido tinha 13 senadores, caiu para 8. Não, foi para cinco (esse é o número real da bancada do DEM). É que um faleceu, Elizeu Rezende, e dois, Raimundo Colombo e Rosalba (Ciarlini), vieram a ser governadores. Então nós caímos para cinco, mas na verdade significariam oito senadores. E caiu para 43 deputados federais. Mesmo assim somos ainda o quarto maior partido do país. E com o nível de credibilidade pela história do partido muito forte e com grande capacidade de recuperação. É nisso que o partido aposta. A crise que o partido viveu, a crise que o partido atravessou e chegou à convenção, ela é perfeitamente superável na medida em que a gente coloque nossos talentos e nossas ideias em prática e de forma massificada.

O que representará para o DEM a saída do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab? Há uma supervalorização de Kassab em deixar ou não o partido?

Está sim (ocorrendo supervalorização de Kassab). Está até porque você vai ver que se Kassab sair e eu suponho que ele vai sair, não serão muitos os que vão acompanhá-lo no DEM e em São Paulo. O partido ficará, em relação ao que é hoje, majoritariamente mantido, em matéria de número de prefeitos, de deputados estaduais e deputados federais. Está se mitificando a saída de Kassab. Ele é um companheiro pelo qual tenho grande apreço pessoal. É o prefeito de São Paulo, a maior cidade do Brasil, é um quadro importante, mas a saída dele não significa nada letal para o partido. Até porque ele sai, mas ficará  a maioria esmagadora de deputados federais, estaduais e prefeitos.

O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) chegou a dizer, semana passada, que a tendência é de fusão entre o PSDB, DEM e PPS. O senhor concorda com essa fusão?

Não vejo isso. O partido só pode fazer aquilo que seus dirigentes e filiados anunciam. Nesse começo de gestão, como presidente do partido, conversei com as mais diversas facções e ouço muitas opiniões até divergentes. Mas de ninguém até hoje ouvi opinião para se fazer fusão hoje ou mais na frente com qualquer outro partido. Acho que os partidos devem manter sua individualidade, até porque o tempo de rádio e televisão para os efeitos das alianças regionais é um trunfo importante regionalmente como forma do partido conseguir aliados para vitórias que possa ter. Se fundir o instrumento de negociação ou trunfo desaparece. Eu não vejo (possibilidade de fusão). O que vejo sim é a disposição das lideranças do partido de partirem para unificar o partido e massificar ideias e ir a luta para crescer. O partido tem condição de crescer e essa é a tentativa que eu, como presidente do partido, farei.

“Vou pregar o lançamento de candidatos próprios do DEM”

Como o senhor tem visto  a criação de novos partidos e a possibilidade dessas novas legendas já estarem planejando se fundir com outros partidos já existentes?

Essas histórias surgiram e já estão mudando de discurso. Até porque está ficando tão escrachado que isso seria um desvio eleitoral ou um caminho a ser trilhado para burlar a lei. Está ficando tão claro que a criação desses partidos com perspectiva de fusão lá na frente é um desvio da legislação eleitoral que criados esses partidos e feitas as fusões lá na frente, a legitimação como ponte para sair agremiação nova estará passível de punição pela lei eleitoral. O “by pass” está tão claro que o TSE entenderá esse viés como um desvio eleitoral e incluirá os filiados desse partido como passíveis de punição da legislação eleitoral. Esses partidos que possam vir a ser criados tem que cuidar de permanecerem onde estão e não pensarem em fusões.

O senhor acredita que os novos partidos poderão desfalcar o DEM do Rio Grande do Norte, inclusive com a saída de titulares de mandatos?

Não acredito. Não tem o menor sentido. O Democratas é o partido da governadora (Rosalba Ciarlini) que esteve na minha convenção levando boa delegação, está confortável no partido onde ela (Rosalba Ciarlini) sempre esteve. Pelo contrário, o que ela (Rosalba Ciarlini) vai é defender o crescimento do partido aqui no Estado sem deixar espaço para que esse partido novo possa, eventualmente, ocupar espaços que sobrem de um PSB, PDT, PMDB, de um PMN, de um partido qualquer.

Mas o senhor  vê chances da governadora migrar para um novo partido?

Acho isso um desrespeito à coerência partidária da governadora Rosalba. Acho, honestamente, uma agressão à coerência partidária que ela exibe há tantos anos.

Quem será o novo presidente do DEM no Rio Grande do Norte?

Eu posso continuar (na presidência do DEM no Rio Grande do Norte). Mas isso não tem pressa em definir quem será ou não presidente. Eu posso continuar. Não tenho impeditivo. Ou se os companheiros encontrarem alguém com qualificação e disposição para exercer a função, de minha parte, estarei absolutamente aberto para ceder o comando do partido no plano local. Mas é preciso que tenha preenchimento das condições: uma pessoa de bom senso e disposta a assumir.

O senhor já encontrou algum nome?

Não. Nem me preocupei com isso. Não tive tempo. Até porque como não temos inquietação partidária, as coisas como vão estão bem.

Qual sua opinião sobre o nome do ex-deputado Carlos Augusto Rosado para ser presidente estadual do DEM?

Acho um grande nome. Mas é preciso que tenha um consenso e ele se disponha a ser. Pessoalmente, eu não posso falar pelo partido, acho um grande nome, mas é preciso que ele se disponha para tarefa e consenso se estabeleça.

O Governo Rosalba Ciarlini chega a quase 90 dias. Satisfaz ao senhor essa administração?

Não é que me satisfaça. O que ela pegou é uma coisa razoável? Acho absolutamente irrazoável. Ela pegou uma herança maldita. Encontrou déficit, uma máquina viciada, problemas de toda natureza, adminsitrativa, política, econômica e financeira, e está com muita determinação buscando superar. Tenho certeza de que no segundo semestre Rosalba já estará com as finanças do Estado, se não em boa situação, mas equilibradas. A partir daí ela vai começar a administrar e mostrar a Rosalba que é. Uma mulher determinada, obstinada, operosa, com enorme obstinação pela geração de emprego, atrações de investimento.Na medida em que se recupere as finanças, ela começará a atender as carências locais dos municípios. É questão de tempo. Não falta uma coisa que é fundamental no político: o padrão ético.

Qual a situação do DEM em relação ao Governo Micarla de Sousa?

Eu quero muito bem a ela (Micarla). Agora Micarla fez uma opção na sucessão presidencial. Ela se aproximou de Dilma Rousseff pessoalmente, ela está certa porque precisa viabilizar recurso para administração, ela criou afinidades com o dilmismo que chega ao Estado com o PT. E todo mundo sabe que eu sou líder de um partido de oposição a Dilma. Isso nos afastou politicamente, nunca pessoalmente. Então acho que Micarla tem razão em buscar os apoios que só pode encontrar no Palácio do Planalto, até porque a Copa está por vir, mas a opção que ela fez nos distancia politicamente.

Essa distância política, hoje,  já carimba o afastamento também no palanque de 2012?

A aliança de Micarla é com o PT e dilmismo. A não ser que ocorra um reposicionamento dela (Micarla de Sousa) no futuro, dificilmente faremos uma aliança (em 2012). Ela (Micarla de Sousa) está fazendo a opção política que a opção administrativa recomenda. Fica difícil (com essa opção) nossa convivência. Por mais apreço que eu tenha pela prefeita, é difícil a convivência política. O Brasil não compreende. O Democratas e o PT são incompatíveis.

O DEM deverá lançar candidato próprio para Prefeitura de Natal?

É possível. A gente vai avaliar na época certa, que é o começo do próximo ano. Dentro da aliança que temos, que é permanente com o PSDB e outros partidos, vamos ver qual a melhor situação. Vou pregar por onde andar uma meta de instalar diretórios em todos os municípios para que tenhamos candidatos. Ora, quem prega isso tem que pregar isso na sua cidade, na sua terra. Vou pregar também que tenhamos candidatos a prefeito na maior quantidade de municípios do Rio Grande do Norte, a começar pela capital. Agora quem vai ser o candidato? Acho que é cedo.

O senhor defende o nome do deputado federal Felipe Maia para ser candidato a prefeito?

Não vou defender o nome de ninguém. Como Felipe é meu filho, eu defendendo o nome de um filho parece uma pieguice. Candidatos vão surgir  naturalmente até o começo do próximo ano. Não terei preconceitos a quem surgir como candidato mais forte no começo do próximo ano.

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