Entrevista do jornalista e futuro Gestor de Políticas Públicas, Paulo Araújo, que se despediu da TV Ponta Negra ontem (25).
A entrevista foi concedida ao Blog de Thaisa Galvão.
Paulo Araújo e o curso de Gestão de Políticas Públicas
Conversando com o jornalista Paulo Araújo, até ontem diretor de jornalismo da TV Ponta Negra, terminei fazendo uma entrevista.
Que projetos o moço terá? Por enquanto, estudar. Fazer o curso para o qual foi aprovado no último vestibular da UFRN.
Eis:
Thaisa Galvão - Como começou o seu interesse pela área de Gestão de Políticas Públicas?
Paulo Araújo - Durante os oito anos em que trabalhei, simultaneamente, das revistas Veja na Sala de Aula e Nova Escola, da Editora Abril, nas duas, tive a oportunidade de cruzar este Brasil de Norte a Sul e observar como secretários de educação e diretores, além de professores e até merendeiras, trabalham para melhorar a educação pública brasileira. Foram dezenas de reportagens, entre as quais uma que apontou os rumos de como deveria ser elaborado o currículo das escolas brasileiras que repercute até hoje nos meios acadêmicos e nos governos. Já na revista Época, fiz uma reportagem sobre os direitos que os cidadãos com doenças como câncer, aids e outras ditas infecto-contagiosas tem no financiamento de carros, imóveis e outros benefícios que a lei determina. Recebo e-mails até hoje dos beneficiados. Contei muitas outras histórias de gestão pública que realmente fizeram a diferença na vida de muitas pessoas.
Thaisa Galvão - Por exemplo?
Paulo Araújo - Cobri de perto a elaboração de aplicação de exames importantes como o Pisa, o Enem e o Provão, medidas que mobilizaram o país inteiro e a princípio foram vistas como antipáticas mas que hoje são ótimos diagnóstico para melhorar a qualidade do ensino, apesar das falhas repetitivas de organização. Outra que marcou bastante foi como é montado o cardápio da merenda escolar de norte a sul do Brasil. Mostrei como os conselhos municipais são importantes para fiscalizar e evitar desvios de recursos numa área tão importante. Por dia, no Brasil, cerca de 37 milhões de crianças (20% da população) fazem pelo menos duas refeições nas escolas brasileiras. Imagine quanto isso movimenta de recursos...e quanto, infelizmente, é desviado…
Thaisa Galvão - Um projeto de política pública na área de jornalismo acabou levando você a viver em Angola durante seis meses de 2008...
Paulo Araújo - Fomos para lá eu e outros cinco jornalistas brasileiros ajudar a criar e colocar na rua o primeiro jornal de economia e finanças do país, mantido pelo governo federal local, como boa parte de tudo lá. Angola passou por três décadas de guerra civil e desde 2002, com a pacificação, cresce a uma taxa surpreendente de quase 20% - grande parte desse crescimento motivado por políticas públicas do governo e de órgãos como o Banco Mundial, a FAO, a ONU, e outras instituições internacionais, muitas do governo federal brasileiro. Convivi diariamente com economistas de vários países e percebi que muito mais do que um trabalho de jornalismo eu estava tendo a oportunidade de ver, de um lugar privilegiado, o avanço de diversas políticas públicas em áreas como agricultura, saneamento, estradas, saúde etc. Garanto que é uma área do jornalismo apaixonante.
Thaisa Galvão - De voltaa Natal, você integrou o secretariado da prefeita Micarla de Sousa por seis meses...
Paulo Araújo - Foi uma experiência maravilhosa na secretaria de comunicação, da qual abri mão para tentar uma bolsa de especialização na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos. Eu apostava nessa experiência em Angola como tema, até porque 2010 foi o ano em que o mundo voltou os olhos como nunca para a África, especialmente por causa da Copa do Mundo. Infelizmente, não fui selecionado, talvez também por não ter ainda os conhecimentos teóricos básicos de gestão pública e o arcabouço acadêmico que espero, agora, o curso da UFRN vá me dar. Tinha só a experiência. Faltava o teoriquês, como se diz.
Thaisa Galvão - Voltar a estudar regularmente depois de 10 anos de formado em jornalismo é um desafio?
Paulo Araújo - Acho que estudar, em qualquer altura da nossa vida, é muito importante. Tenho o maior orgulho de participar da primeira turma de jornalistas especializados em meio ambiente pela ONG Conservation International, isso há quase 10 anos, num tempo que o tema nem estava tanto na pauta do dia. Eu incentivei muito os colaboradores da TV Ponta Negra a fazer isso durante os 15 meses em que dirigi o jornalismo da emissora. Só no ano passado foram cinco workshops que ocuparam sábados inteiros de estudos, trancados em algum hotel da cidade. Certamente o telespectador viu a diferença. Estou na maior expectativa para o início do curso de Gestão de Políticas Públicas da UFRN no segundo semestre. Passei em 4o lugar, o que me deixou muito feliz para quem está há 10 anos longed a academia. Estudar é sempre muito bom.
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Foto: Canindé Soares